terça-feira, abril 04, 2006

Hello, this is Ben calling...

Vamos lá. Estou agora no trabalho, são 4 e meia da manhã e, entre uma ligação e outra, resolvi que quero contar aqui sobre... o trabalho. Faço telemarketing, algo odioso se pensarmos na realidade cultural brasileira, mas um pouco menos aqui em Israel e super comum e aceitável nos EUA. Por isso, e também porque o CEO da minha empresa não é nada bobo, abriram uma filial da IDT em Israel. Existe uma lenda segundo a qual o dono da companhia é judeu e procura ajudar os olim chadashim, novos imigrantes que chegam aqui de países de fala inglesa. Pode ser verdade, mas não boto minha mão no fogo por essa versão.

Fato é que a empresa, que ocupa seis andares em uma zona industrial de Jerusalém, bem próxima à Begin, uma espécie de 23 de maio daqui, cresceu bastante desde que chegou no país. Emprega um número enorme de pessoas, a maioria dos Estados Unidos e de países onde o inglês é a língua oficial. Mas existem funcionários (como eu, como a argentina que trabalha ao meu lado e como muitos israelenses) que vêm de outros países - no entanto, a maioria dos projetos é em inglês mesmo. E há projetos em quatro turnos, porque não operamos apenas com os EUA (o que exige trabalhar nos horários deles).

HELLO, THIS IS BEN CALLING ON BEHALF OF KNOWLEDGE NETWORKS IN CRANFORD, NJ. RECENTLY WE SENT YOUR HOME A CARD ABOUT OUR SURVEY WITH A $1.00 GIFT. BUT FIRST, ARE YOU A RESIDENT OF THIS HOUSEHOLD?

No meu projeto o que fazemos é basicamente ligar para residências nos EUA e perguntar às pessoas (àquelas que concordam em falar conosco!) sobre o uso dos diretórios telefônicos. Não vendemos nada, e isso é uma vantagem. Na verdade, como se lê na fala inicial, enviamos às casas um cartão com um dólar para que elas saibam que ligaremos. Mesmo assim, na maioria das vezes tomamos um tu-tu-tu na cara (isso na melhor das hipóteses, porque há os mau-humorados de plantão...) Isso durante sete horas por noite, seis madrugadas por semana.

Outro dia, já faz um tempinho, estava dormindo quando o telefone tocou. Em geral não atendo ligações de números desconhecidos, mas sabe-se lá porque naquele dia resolvi responder. E, que surpresa, era uma garotinha fazendo uma pesquisa - em hebraico - sobre algum serviço que eu tinha adquirido dias antes. Sonado, respondi cada uma das perguntas, ainda que só tenha entendido metade. Não podia desligar, né?!

Um comentário:

Ana Elisa / Lili disse...

Depois que tive que entregar panfletos quando trabalhei na Credicard, nunca mais consegui deixar de pegar quando me entregam e ainda agradecer!!!
Tem coisas que só vivenciando para dar valor né?
Bjo