terça-feira, abril 25, 2006

Holocausto em pauta

Talvez você não soubesse, mas hoje é dia do Holocausto. É quando se relembra, todos os anos, o assassinato de 6 milhões de pessoas pelo regime nazista na Europa, 60 anos atrás, só por serem judeus.

A comemoração é mundial, mas em Israel tem um gosto diferente. Por um dia, quase nada funciona (as lojas param, as escolas se voltam para o tema). Atos em lembrança aos mortos se realizam por todo o país, como o que rolou ontem à noite aqui em Jerusalém.

E em um determinado momento do dia, que eu vou tentar gravar e audiopostar, as pessoas param por alguns minutos e todo o ruído das cidades é substituído por uma sirene.

O mais louco é o que rola na tevê. Durante todo um dia, alguns canais suspendem a programação. Outros passam apenas programas relacionados com o Holocausto - filmes, documentários, programas de debate. O canal 24, espécie de MTv daqui, toca músicas dessas que dão vontade de dormir...

E os políticos, claro, aproveitam. O recém-eleito Rafi "Mr. Magoo" Eitan, do partido dos velhinhos, que foi espião e responsável pela prisão na Argentina de Adolf Eichman, fez um discurso a respeito na Knesset, o primeiro desde que tomou posse.

Yom HaShoá. Confesso que o tema do Holocausto me fala muito mais de longe do que fala a outras pessoas, hoje netos de sobreviventes ou parentes dos que não sobreviveram. Pessach e temas como a perseguição em países árabes me falam muito mais ao coração do que a Shoá. Mesmo assim, me sensibilizo com a memória dessa data.

Bom, vale dizer que Yom haShoá é como uma tempestade depois da qual vem o arco-íris bicolor, chamado por aqui de Yom haAtzmaut, dia da independência. Aos poucos o país vai pendurando bandeiras, amarrando fitas nas mochilas e trocando o preto-e-branco da memória pelo azul-e-branco da alegria de ter hoje um Estado. Reflete comigo: se houvesse Israel há 60 anos, teria existido Holocausto?

[MAIS]
Matérias no Jerusalem Post e no Ha'aretz.

Este post, que não precisa ser fúnebre, vai para um violonista que eu conheci aqui em Jerusalém, no Yad VaShem, o Museu do Holocausto. Foi tocando que ele se salvou da morte em um campo de concentração nazista. E hoje ensina que a memória deve ser guardada, passem quantos 60 anos passarem, para que a história não se repita.
[UPDATE] Dois comentários sobre esse assunto todo. Uma amiga minha francesa, que acabou de voltar de Paris, onde passou Pessach, me comentou hoje que a situação por lá está péssima. Palavras dela: "pior do que antes do nazismo, com manifestações contra Israel e contra judeus por toda parte". Ela falou do Le Pen, que prometeu, se eleito, criar campos de concentração para estrangeiros... E, bem, nunca nos esqueçamos do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que 60 anos depois nega o Holocausto e o direito de Israel de existir.

9 comentários:

Everton disse...

Não sei se o Holocausto existiria com a existência de Israel, ainda mais porque a própria ONU também existiria e neutralizaria de alguma forma o avanço facista, seria uma coisa memorável na mesma intensidade das atrocidades que aconteceram.

Existem milhares de histórias como a do violinista, uma mais bonita que a outra. Uma delas é a de Maximiliano Kolbe, canonizado pela igreja católica (eu estudei num colégio chamado Centro Educacional São Maximiliano Kolbe e sei a história do cara de cor e salteado, vale a pena olhar).

Também vale a pena abrir os olhos pra palavra que o Dalai Lama Tenzin Gyatso repetiu uma infinidade de vezes na entrevista para o Fantástico nesse domingo: compaixão.

Everton disse...

E eu escrevi errado, é FASCISTA, rs

Anônimo disse...

Acho q estou mais distante do que vc do tema, mas mesmo assim, toca fundo...Ontem, no CCJ, a Leitura Drámatica era sobre o Kadish, mas lógico que o Raul nos lembrou da data e recitou o kadish em memória dos 6 mi.Confesso q ess reza sempre me emociona, embora eu saiba muito pouco sobre sua cultura...Vivenciar esse dia em Israel deve ser confortador...

Ana Elisa / Lili disse...

Pois é Gabo, o ser humano pode ser muito cruel, infelizemte até mais cruel do que possamos imaginar.
Fico horrizada cada vez que algo do tipo acontece, mas como também fico muito assustada com a banalidade que esses assuntos são tratados, como são facilmente esquecidos e tudo rapidamente "volta ao nomal"...normal este que logo nos mostra outra crueldade acontecendo...e é duro escutar pessoas dizendo "não foi comigo mesmo, pq devo me importar?"...beijos!

Ana Elisa / Lili disse...

SOBRE O UPDATE: mito??? Falar que o homem pisou na Lua é um mito até aceito, mas o Holocausto???????
Sem palavras!!!!

Everton disse...

Dá uma olhada nisso, quero saber oq vc acha: www.evertones.blogspot.com

Se tudo der certo, essa vai ser a minha "casa" definitiva, rs

Abraço!

Anônimo disse...

Que desespero ler esse upddate! Nao tenho nem mais comentarios...
Di

Anônimo disse...

"campos de concentração para estrangeiros"

???????????????????????

Pesquisas minhas e conversas mais tarde sim?

Declarações assim são motivo de processos na ONU sabia?

Beijos

Anônimo disse...

Dá gosto de ler um blog deste nível, tanto na forma quanto no conteúdo. Se eu fosse editor de qualquer publicação séria, te chamava correndo pra fazer parte da minha equipe...

Congrats,
Marcus