terça-feira, outubro 24, 2006

O presidente e eu

Não, não vou falar do presidente Moshe Katzav e das peripécias sexuais dele. Até pensei em fazer um post a respeito, porque o assunto está em todas as conversas informais aqui em Israel. Todo mundo quer saber se ele estuprou as tais mulheres, se roubou mesmo dinheiro público etc. Mas a minha política aqui vai ser a de - por enquanto - não entrar nesse assunto. Já basta ter falado a respeito na RFI semana passada, aqui.

Vale dizer que esse papo de presidente está realmente movimentando a política por aqui, com indicações de nomes novos para ocupar a residência presidencial. E a lista tem nomes como o de Shimon Peres (que perdeu em 2000 para Katzav e, como dizem as más línguas, perde até eleição pra síndico!), Elie Wiesel (sobrevivente do Holocausto e prêmio Nobel da paz) e muitos outros. Mas por enquanto nada é oficial, porque na prática o Katzav continua no trono.

Tudo isso para dizer que o título desse post não tem nada a ver com Katzav e muito menos com peripécias sexuais de figuras públicas. O presidente do título é outro. Estive hoje com Itzhak Navon, em uma entrevista rápida mas muito bacana no escritório dele aqui em Jerusalém. Navon foi o quinto presidente de Israel, o primeiro sefaradi a ocupar o cargo, entre 1978 e 1983.

Conversamos sobre o ladino, tema do meu texto na próxima edição da Revista 18. Ele cresceu em Jerusalém na década de 1920 em um bairro onde o ladino - idioma dos judeus sefaradim - era falado nas ruas, em uma época em que os imigrantes se concentravam em locais fechados como guetos. Essas coisas não existem mais - hoje sefaradim e ashkenazim estão dispersos e misturados.

Navon cresceu ouvindo o ladino - como ele disse hoje, para aprender e manter um idioma, uma pessoa tem que ouvi-lo "da fralda até mortalha". E a entrevista, minha primeira exclusiva com uma personalidade da política israelense (já estive em coletivas e eventos com o Sharon, o Olmert, o Peres e o Bibi), foi em ladino!

A entrevista correu bem e, no final, depois que eu tirei para a matéria algumas fotos dele cercado de livros por todos os lados, pipocou de repente, daquele senhor de 85 anos, ex-presidente de Israel, a pergunta: - Quer tirar uma foto comigo? Eu tirei! E você já viu - o presidente e eu!

domingo, outubro 15, 2006

Chove, chuva

Correria para tirar roupas do varal, fechar as janelas, achar o guarda-chuva desaparecido há meses, tirar da mala de inverno uma blusa quente para poder sair de casa... Está caindo a primeira chuva do ano novo judaico em Israel.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Que venha Simchat Torah!


[CORRERIA] Estou sem tempo agora, mas prometo escrever depois sobre esse chag!Enquanto isso, podem ler o comentário do autor do desenho acima, o ilustrador dos comics Dry Bones. Shabat Shalom!

domingo, outubro 08, 2006

Sucot? Cabanas?

Chegou Sucot, o Carnaval israelense. Não, não tem nada a ver com folia, pula-pula, serpentina e confete. Sucot é a festa das cabanas. Mas, como no Brasil, onde o ano só começa depois do Carnaval, aqui o ano judaico só começa de fato depois de Sucot. As aulas nas universidades (e as minhas, no terceiro ulpan de hebraico que vou fazer!) começam dia 22, por exemplo.

É bem por aí... Essa época, que também marca o fim do verão e do calor, é tempo de festas. Tem Rosh Hashaná (ano novo), depois vem Yom Kipur (dia do perdão), com o tão falado jejum, e logo a semana de Sucot, que acaba com Simchat Torá, a festa que celebra a alegria do povo judeu em receber as tábuas sagradas no Monte Sinai. Depois de tudo isso, finalmente o ano começa, mesmo!

Mas... festa das cabanas? Bom, em poucas palavras, Sucot é a festa da colheita. Fácil de entender: aqui em Israel é "o período no qual a produção dos campos, pomares e vinhas é colhida" (do Chabad, aqui). Como o site explica, para que as pessoas não se esqueçam de D's no momento de alegria pela fartura nas colheitas, deixam a casa durante uma semana e moram em cabanas! Ah, cabanas!

O barato desse feriado é passear por Jerusalém (ou por qualquer cidade israelense com população religiosa) e ver, nos terrenos, nos jardins, em volta dos prédios, as sucot, as tais cabanas, montadas para a festa. As pessoas comem e dormem nas cabanas durante toda a semana de Sucot! Quem mais curte a farra são as crianças - como no meu prédio (onde fizeram quatro cabanas).

E como eu contei no pé do último post, passeando por Mea Shearim, bairro ultraortodoxo judaico daqui de Jerusalém, resolvi parar e dedicar meia hora para fazer essas fotos. Gostei do resultado. No mesmo dia, à noite, fui à Cinemateca ver Ushpizin (palavra em aramaico para "convidados") - no filme, as primeiras cenas mostraram exatamente o que eu tinha fotografado mais cedo - a minuciosa escolha das "quatro espécies"!

Aliás, recomendo o filme, especialmente para esses dias de festa das cabanas. A película é passada durante o feriado de Sucot aqui em Jerusalém e mostra a rotina de um casal que se reaproximou da ortodoxia e, às vésperas do feriado, não tem um centavo pra montar a sucá e comprar as "quatro espécies". Eles acabam recebendo convidados especiais...

Então, chag sucot sameach!

[DIDÁTICO] Do meu shutaf, o Bean, "nove maneiras de saber que é Sucot", aqui.
[HQ] Do Dry Bones uma tirinha bem-humorada sobre Sucot (e uma explicação).

[TELONA] Do filme Ushpizin, o site oficial, com várias informações, aqui.
[RELIGIÃO] Mais sobre Sucot no site do Chabad, aqui. "Quatro espécies"? Aqui!

sexta-feira, outubro 06, 2006

[curtas do 23a]
Paz, gasolina e palestinos

Da série "notícias que precisam ser sabidas"

De hoje no Jerusalem Post: "Paz e Autoridade Palestina firmam contrato de fornecimento de gasolina". Explicando: a Paz é uma empresa israelense de combustíveis. O contrato é oficialmente o primeiro entre uma empresa de Israel e a Autoridade Palestina desde que o Hamas assumiu o governo por lá, em janeiro. O acordo foi assinado ontem à noite e, como a matéria diz, acontece em um momento em que negociações políticas entre Israel e os palestinos estão congeladas. Também segundo a matéria do jornal, o ministro interino das Finanças da AP, Samir Abu Aisha, contou que foi ameaçado de morte por conta do contrato...

Bom fim de semana, Shabat Shalom. Chag Sucot Sameach.

[FOTOS] Fiz um passeio ontem de moto por Mea Shearim, o bairro ultraortodoxo judaico de Jerusalém. Véspera de Sucot é dia de comprar as "quatro espécies". Em breve (quando a internet de casa deixar!) vou colocar as fotos que fiz por lá!

[OUTRA FOTO] A Tici, gaúcha linda e chamudá que mora aqui em Jerusalém também (e que eu conheci no Rio há alguns anos!) colocou no flog dela uma das minhas fotos do Kotel. A propaganda não é da minha foto, mas das coisas lindas que ela escreve e das fotos ótimas que ela tira! Tici, adoro você!

domingo, outubro 01, 2006

Águas de março

Israel vai saindo do verão. Primeira medida: voltar, agora, às duas da manhã do domingo, os relógios para 1AM. Acaba o horário de verão, acordamos no escuro ainda. Em algumas semanas, começa o frio. Pelo menos agora Israel e o Brasil têm 5 horas de diferença horária, apesar dos 17 mil quilômetros de sempre.

Tzom kal aos que jejuam hoje. Gmar chatimá tová. No Brasil, é dia de eleições - votem com consciência dessa vez...

[PARECE QUE FOI ONTEM] Outro dia o verão estava só começando, dando um sopro quente desavisado em uma manhã de junho. O tempo está voando...
[FÉ EM IMAGENS] (update) Estive no Kotel na madrugada de domingo, antes do amanhecer, até que ficou claro na primeira manhã de horário de inverno. Fiz algumas fotos por lá, de muita gente diante do Muro. Rostos e gestos de fé. Uma foto aqui. Todas aqui.