domingo, julho 30, 2006

Tzav Shmone

Mostrou agora no "Jornal Nacional" de Israel, que, como no Brasil, vai ao ar às 8 da noite: soldados que receberam durante o fim de semana o chamado "tzav shmone", carta que comunica aos reservistas que devem se alistar e se alinhar às tropas na fronteira.

A situação da guerra com o Líbano, que hoje teve um capítulo sério e comprometedor para Israel, com a morte de quase 60 civis na vila libanesa de Qana, está exigindo o recrutamento de novos soldados, mais e mais.

O que chamou a atenção na matéria do canal 10 foi o espírito de família que existe em Israel. Não quero soar piegas, mesmo. Mas aqui é muito forte esse negócio de que o soldado é o pai, o irmão, o vizinho de cada cidadão. Na matéria apareceu uma família inteira (pai e dois filhos) que receberam o tzav shmone e, de manhã, colocavam a farda para atender o chamado.

A sensação que ficou é essa. A de que as pessoas são chamadas para o front e quem não vai fica com os olhos e os ouvidos grudados nas notícias...

quarta-feira, julho 26, 2006

Num piscar de olhos

Cedo hoje a palavra ao Wolf Blitzer, da CNN, que neste texto descreve bem o clima por aqui. Ele conta que na última vez que esteve em Israel, em janeiro, a história do momento era a saúde do então premiê Sharon e que havia sim notícias de conflitos com os palestinos, mas não existia temor de ataques vindos do norte. Num piscar de olhos, quase, tudo mudou e ele conta que nas últimas duas semanas a situação está "claramente alterada". Como eu contei esses dias, a população em Jerusalém, onde também o Blitzer está, ainda não sente os efeitos do que rola no norte. Mas um gráfico muito bem feito do New York Times, com os ataques dia após dia no Líbano e em Israel, explica o alcance dos mísseis do Hizballah - e Jerusalém está sim na área que pode ser atingida. No texto o Blitzer ainda lembra o ataque à pizzaria Sbarro em uma das mais movimentadas esquinas de Jerusalém, que fica no roteiro entre o hotel dele e a sede da CNN. A conclusão do texto é incisiva: fala de como a população das cidades fronteiriças está fugindo para o sul - o Ha'aretz reporta que Eilat, a cidade mais ao sul em Israel, recebeu 120 mil pessoas nas últimas semanas. Eilat tem 50 mil habitantes. Palavras do Blitzer: "são os sinais do tempo em Israel".

[ÔNIBUS] Inauguro com esta nota coluna que deverá ser semanal no BlueBus, conceituado site brasileiro sobre mídia. Escreverei sobre mídia e assuntos correlatos daqui do Oriente Médio. Todas as minhas no BB estarão aqui. Sugestões para a coluna podem ser enviadas para .

sábado, julho 22, 2006

Cobertura de guerra

Bastou acontecer o seqüestro de dois soldados e Israel reagir: jornalistas de todo o mundo estão se amontoando na região para cobrir os eventos com a exclusividade que puderem, direto do front. É claro que o assunto é importante e é mais claro que vende.

Só a CNN, que na minha opinião está liderando a cobertura, tem um total de dezessete correspondentes espalhados por Israel, Líbano, Síria e Chipre.

Tenho acompanhado especialmente a CNN desde o início do conflito. Eles não demoraram em mandar muita gente boa para cá, além dos dois correspondentes que já estavam fixos. Até a correspondente Christiane Amanpour, que andava sumida, veio.

Cobertura de guerra tem um quê especial. Nem tive tão perto assim de tropas, embora tenha circulado pela região norte logo nos primeiros dias dos conflitos e conversado com muitos moradores. Mesmo assim, sendo jornalista, sinto que é importante estar aqui - é a velha máxima: estar no lugar certo, na hora certa.

O momento é delicado e o conflito entre Israel e o Hizballah pode durar semanas. Por isso, cancelei a viagem que estava marcada para terça-feira, para o Brasil. Fico pelo menos até o final de agosto e continuo correspondendo para a RFI, de Paris, e colaborando com a Eldorado AM, em São Paulo.

Acho importante explicar que o conflito está bastante longe de Jerusalém. Como comentei no AoE, nem se sente por aqui os efeitos do que está rolando no norte. Isso chega a incomodar - a população parece ainda apática e desinteressada embora muita gente esteja morrendo alguns quilômetros mais ao norte.

Outra faceta interessante da cobertura sobre o conflito são os blogs. Embora não tenham ainda a credibilidade dos grandes veículos, os blogs dão uma visão diferente e mais pessoal do que está acontecendo por aqui. Gosto de ler alguns blogs, feitos por internautas dos dois lados, para ter uma noção do que vai pela cabeça das pessoas.

[VEÍCULOS] Para acompanhar a cobertura do conflito, clique: CNN, YnetNews, Ha'aretz, Jerusalem Post, AlJazeera (inglês), Folha de S. Paulo (português) [outros? mande pra ]
[BLOGS] Para ler os depoimentos de pessoas vivendo e vendo o conflito de perto, clique: Blog do Bean, Terra Estranha (português, de Israel), Israeli Bunker (inglês, de Israel), Entre tapas e copas (português, do Líbano), The wizard of Beirut (inglês, do Líbano) [outros? mande pra ]
[AINDA A MÍDIA] Depois que Israel atacou antenas do canal de televisão Al-Manar, no Líbano, e a Federação Internacional de Jornalistas, à qual sou filiado, emitiu um comunicado de condenação, jornalistas israelenses retiraram a filiação da FIJ. Aqui. A Al-Manar é a televisão do Hizballah.

segunda-feira, julho 17, 2006

Palavras de Bush

(em conversa informal com o Blair)

"See, the irony is what they really need to do is to get Syria to get Hizbullah to stop doing this shit and it's over".

E eu concordo.

A caminho de Jerusalém (*)

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domingo, julho 16, 2006

sábado, julho 15, 2006

Em segurança (*)

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[RFI] Clique para ouvir as entradas em português para o Brasil e para Portugal.

Novos disparos (*)

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[IMAGENS] Fotos do moshav Sha'ar Yshuv, de onde falei, aqui.

Narguila na guerra (*)

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sexta-feira, julho 14, 2006

Disparos intensos (*)

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No extremo norte (*)

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Três mísseis em Naharia (*)

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[IMAGENS] Fotos dos danos causados pelo Katyusha que caiu em Naharia, aqui.

Sinal de fumaça

A preocupação de quem apenas acompanha as notícias pela mídia é natural. Algumas pessoas me ligaram, muitas escreveram emails e a pergunta se repetiu: "como está a situação na real?" A verdade é que aqui em Jerusalém não sentimos diretamentos os efeitos dos conflitos no sul ou no norte.

Apesar de o país ser pequeno como um ovo, a capital fica distante o bastante das duas frentes de batalha para escapar de ataques e da sensação real de guerra que está assolando o país. São 60 quilômetros até a Faixa de Gaza e 200 até o norte.

Mas não tem como não sentir isso, de uma forma ou de outra. Nos próximos dias o irmão de um grande amigo meu vai ser deslocado para o norte. Ele está em Israel há dois anos, como eu, e está servindo no Exército. Milhares de reservistas foram chamados para ficar de prontidão.

Assino um serviço de notícias em tempo real pelo celular há cerca de 10 meses. Desde então, nunca vi em um só dia tantas mensagens. Recebi quase cem, com informações sobre novos ataques, dos dois lados. Assim soube da morte de uma mulher em Tzfat, outra em Naharia, dos ataques contra o aeroporto em Beirute etc etc etc.

Falei com uma moradora de Naharia, cidade fronteiriça, onde estive duas vezes - uma há quatro anos e outra no verão passado. A cidade é tranqüila e os edifícios são equipados com quartos de segurança protegidos por camadas de concreto, portas isoladas, janelas blindadas e guarnições estanques. Lá, ontem, se ouvia o disparo dos Katyusha. A polícia pediu para as pessoas se protegerem.

Pela primeira vez a cidade de Haifa, a terceira maior do país, foi atingida pelos mísseis disparados pelo Hizballah. Tentei mas não consegui falar com pessoas que moram lá. Amanhã tento de novo e deixo as sensações aqui.

[OUVINDO] Falei aqui no blog diretamente do norte de Israel. Para ouvir: Três mísseis em Naharya, No extremo norte, Disparos intensos, Narguila na guerra, Novos disparos.

quinta-feira, julho 13, 2006

Uma nova frente de batalha

O caldeirão do Oriente Médio entornou de vez. Nas últimas três semanas, quem acompanha as notícias pôde ver imagens estranhamente constrastantes. No dia 22 de junho o primeiro-ministro Ehud Olmert, de Israel, e o presidente Mahmud Abbas, da Autoridade Palestina, se encontraram na Jordânia e trocaram beijos e abraços.

As imagens daquele encontro informal, promovido pelo rei jordaniano em Petra, no sul do país, deixaram a sensação de que um acordo poderia brotar entre Israel e os palestinos. Aquele foi o primeiro encontro de alto nível em meses, e representou uma volta nos contatos entre os dois lados - afastados em um conflito de tensões.

Alguns dias depois, no domingo 25 de junho, a reviravolta. Em uma operação maluca, terroristas palestinos do Hamas se arrastaram por um túnel de um quilômetro de extensão entre a Faixa de Gaza e uma base do Exército no sul do país. O saldo: dois soldados mortos, dois palestinos mortos, um israelense seqüestrado.

Depois, a reação de Israel: operação "Chuva de Verão". Ataques ao longo da Faixa de Gaza para tentar recuperar o soldado, mortes de civis, bombardeios etc etc etc. A bola de neve rola morro abaixo e ninguém mais consegue pará-la. Agora, uma nova frente de batalha - seqüestro de mais dois soldados, pelo Hizballah, na fronteira norte.

Isso aconteceu ontem. Hoje o país acordou em meio a uma nova onda de ataques, lá no norte. Uma mulher de quarenta anos foi morta em Naharia, na fronteira norte, atingida por um dos 70 mísseis Katiusha disparados do Líbano contra cidades israelenses. Como resultado, mais ataques de Israel contra o Líbano, agora: operação "Por Merecimento".

"Parece véspera de Yom Kipur"
Falei hoje de manhã, para a minha entrada na RFI, com uma moradora de Naharia. As palavras dela foram contundentes: "a cidade está vazia, não se vê ninguém nas ruas, parece que estamos em véspera de Yom Kipur". Ela me disse que já na noite de ontem a polícia ordenou à população entrar nos abrigos anti-aéreos e quartos de segurança.

E rola a bola de neve...

[FOTO] Soldados israelenses se posicionam na fronteira com o Líbano (AP/ JPost)
[ÁUDIO] Falei a respeito da nova escalada da violência hoje na RFI, aqui