A pergunta do momento é quem, afinal, ganhou a guerra. Não tanto porque isso realmente importa, mas porque ficou a sensação de que o conflito entre Israel e Hizballah terminou sem vencedores. Apesar de os dois lados cantarem vitória, a verdade é que nem os soldados israelenses nem os membros do grupo libanês têm razões suficientes para erguer o punho fechado.
Pior: os israelenses que voltaram do campo de batalha no sul do Líbano estão contando por aqui, de volta em casa para uma folga que não deve durar muito tempo, coisas que a mídia israelense não cobriu, que os jornalistas estrangeiros não disseram, algumas a que sequer os blogs tiveram acesso - como por exemplo o fato de que muitas vezes eles avançavam sem ter um objetivo definido, sem saber o que deveriam fazer exatamente.
Existe em Israel agora uma sensação muito forte de que o país saiu perdedor. Não apenas pelo número altíssimo de soldados mortos em um conflito relativamente curto contra um grupo terrorista (e não um Exército constituído, como aconteceu em outras guerras), mas também pelo fato de que sabe-se muito bem que o objetivo da guerra - acabar com o Hizballah - não foi nem de longe atingido.
Não acho que isso, sozinho, seja sinal de que o Hizballah tenha saído vencedor, por outro lado. Não é. Mas se os fundamentalistas do Nasrallah lançaram 4 mil mísseis contra Israel, e a Inteligência daqui falava em um arsenal de 12 mil mísseis antes do conflito, faltam ainda 8 mil, apontados para cá. Mais: o Hizballah insiste que não vai se desarmar, uma das condições da resolução 1701, a mesma que impôs o cessar-fogo.
E aí, como é que fica? Politicamente, existe o entendimento de que se Israel não voltar à guerra, o governo de Olmert pode cair. E se cair, cai com razão, porque arrastou o país para um conflito que teve mais contras do que prós. Matou e feriu muitos civis, expôs soldados a perigos excessivos e não conseguiu abalar o Hizballah a ponto de diminuir a ameaça que representa.
Estrategicamente, por outro lado, se Israel voltar para o combate as coisas terão que ser diferentes - ouvi essa semana de um oficial da Inteligência que essa guerra foi, sozinha, diferente de todas as outras. Os ataques deverão ser intensos contra o Hizballah, mas devem evitar atingir civis - de fato os grandes perdedores dessa guerra foram o Líbano e o povo libanês.
Israel precisa aprender como lidar com um grupo que se esconde entre civis para atacar os civis do outro lado. É o desafio que se impôs ao "quarto exército mais poderoso do mundo" com essa guerra. E não é o único. Quem ganhou a guerra, afinal? Eu conto quando a guerra acabar, de fato.
[ÁUDIO] Falei sobre esse mesmo assunto na RFI, aqui. Todas as entradas aqui.
[OPINIÃO] Uma "vitória" do Hizballah?, de Bernard Haykel, aqui
Pior: os israelenses que voltaram do campo de batalha no sul do Líbano estão contando por aqui, de volta em casa para uma folga que não deve durar muito tempo, coisas que a mídia israelense não cobriu, que os jornalistas estrangeiros não disseram, algumas a que sequer os blogs tiveram acesso - como por exemplo o fato de que muitas vezes eles avançavam sem ter um objetivo definido, sem saber o que deveriam fazer exatamente.
Existe em Israel agora uma sensação muito forte de que o país saiu perdedor. Não apenas pelo número altíssimo de soldados mortos em um conflito relativamente curto contra um grupo terrorista (e não um Exército constituído, como aconteceu em outras guerras), mas também pelo fato de que sabe-se muito bem que o objetivo da guerra - acabar com o Hizballah - não foi nem de longe atingido.
Não acho que isso, sozinho, seja sinal de que o Hizballah tenha saído vencedor, por outro lado. Não é. Mas se os fundamentalistas do Nasrallah lançaram 4 mil mísseis contra Israel, e a Inteligência daqui falava em um arsenal de 12 mil mísseis antes do conflito, faltam ainda 8 mil, apontados para cá. Mais: o Hizballah insiste que não vai se desarmar, uma das condições da resolução 1701, a mesma que impôs o cessar-fogo.
E aí, como é que fica? Politicamente, existe o entendimento de que se Israel não voltar à guerra, o governo de Olmert pode cair. E se cair, cai com razão, porque arrastou o país para um conflito que teve mais contras do que prós. Matou e feriu muitos civis, expôs soldados a perigos excessivos e não conseguiu abalar o Hizballah a ponto de diminuir a ameaça que representa.
Estrategicamente, por outro lado, se Israel voltar para o combate as coisas terão que ser diferentes - ouvi essa semana de um oficial da Inteligência que essa guerra foi, sozinha, diferente de todas as outras. Os ataques deverão ser intensos contra o Hizballah, mas devem evitar atingir civis - de fato os grandes perdedores dessa guerra foram o Líbano e o povo libanês.
Israel precisa aprender como lidar com um grupo que se esconde entre civis para atacar os civis do outro lado. É o desafio que se impôs ao "quarto exército mais poderoso do mundo" com essa guerra. E não é o único. Quem ganhou a guerra, afinal? Eu conto quando a guerra acabar, de fato.
[ÁUDIO] Falei sobre esse mesmo assunto na RFI, aqui. Todas as entradas aqui.
[OPINIÃO] Uma "vitória" do Hizballah?, de Bernard Haykel, aqui
2 comentários:
Boa, Gabito!
By the way, eu indiquei seu blog, apesar de vc me dar alergia! hahahaha
A sua logica matematica dos misseis nao faz muito sentido. Voce ta esquecendo de uma boa quantidade de misseis destruidos em solo. Resumindo, eu acho que ISrael deu uma bela porrada no Hesbollah.
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