Não, não vou falar do presidente Moshe Katzav e das peripécias sexuais dele. Até pensei em fazer um post a respeito, porque o assunto está em todas as conversas informais aqui em Israel. Todo mundo quer saber se ele estuprou as tais mulheres, se roubou mesmo dinheiro público etc. Mas a minha política aqui vai ser a de - por enquanto - não entrar nesse assunto. Já basta ter falado a respeito na RFI semana passada, aqui.
Vale dizer que esse papo de presidente está realmente movimentando a política por aqui, com indicações de nomes novos para ocupar a residência presidencial. E a lista tem nomes como o de Shimon Peres (que perdeu em 2000 para Katzav e, como dizem as más línguas, perde até eleição pra síndico!), Elie Wiesel (sobrevivente do Holocausto e prêmio Nobel da paz) e muitos outros. Mas por enquanto nada é oficial, porque na prática o Katzav continua no trono.
Tudo isso para dizer que o título desse post não tem nada a ver com Katzav e muito menos com peripécias sexuais de figuras públicas. O presidente do título é outro. Estive hoje com Itzhak Navon, em uma entrevista rápida mas muito bacana no escritório dele aqui em Jerusalém. Navon foi o quinto presidente de Israel, o primeiro sefaradi a ocupar o cargo, entre 1978 e 1983.
Conversamos sobre o ladino, tema do meu texto na próxima edição da Revista 18. Ele cresceu em Jerusalém na década de 1920 em um bairro onde o ladino - idioma dos judeus sefaradim - era falado nas ruas, em uma época em que os imigrantes se concentravam em locais fechados como guetos. Essas coisas não existem mais - hoje sefaradim e ashkenazim estão dispersos e misturados.
Navon cresceu ouvindo o ladino - como ele disse hoje, para aprender e manter um idioma, uma pessoa tem que ouvi-lo "da fralda até mortalha". E a entrevista, minha primeira exclusiva com uma personalidade da política israelense (já estive em coletivas e eventos com o Sharon, o Olmert, o Peres e o Bibi), foi em ladino!
A entrevista correu bem e, no final, depois que eu tirei para a matéria algumas fotos dele cercado de livros por todos os lados, pipocou de repente, daquele senhor de 85 anos, ex-presidente de Israel, a pergunta: - Quer tirar uma foto comigo? Eu tirei! E você já viu - o presidente e eu!