segunda-feira, agosto 04, 2008

Renovando...

O autor desse blog virou carteiro sem poeta. Já faz tempo. Mas se você está lendo isso, é porque não sabia. Agora já sabe. Corre pra !

domingo, julho 08, 2007

Arquivo morto

Então vamos fazer assim. Vamos assumir que viramos leitores de blogs, não mais autores. Vamos contar pra todo mundo, porque todo mundo já percebeu, mesmo. E vamos confessar que daqui pra frente, ou desde o último post, nada mais vai rolar por aqui. Mas vamos deixar tudo que está, como está, para que leiam os que queiram ler, pra recordar os que queiram recordar... Acabou a paciência, acabou muito da ideologia.

terça-feira, abril 24, 2007

País dos judeus

Ontem passou pela minha cabeça uma coisa interessante. O país dos judeus comemora e relembra, nessa semana, os caídos nas guerras e em atentados e os 59 anos desde a independência. E os habitantes não judeus do país judeu? Acontece que eles não sentem isso de perto, claro. Acabei me tocando disso depois de pedir uma pizza nada kasher - com peperoni, carne moída e queijo - e de bater um papo com um árabe que trabalha comigo. Ele começou a comentar que os árabes também não comem porco, o que eu já sabia, e que tudo que eles compram é kasher, não porque eles seguem as leis dietéticas do judaísmo, mas porque não restam muitas opções - os supermercados do país dos judeus, afinal, são kasher...

E é assim, nesse país dos judeus. Comemora-se uma independência que os árabes chamam de tragédia, mesmo aqueles que não moram nos territórios, mesmo aqueles que trabalham e vivem entre os judeus. Chora-se pela morte de soldados que os árabes não foram, já que eles estão liberados do serviço militar, obrigatório para todo judeu e druso que completa dezoito anos. Vende-se comida controlada por uma kashrut que os árabes não precisam seguir, mas acabam respeitando, por tabela e falta de opção. País engraçado esse...

Chag Sameach, 59 anos não é moleza. Esses não têm sido.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

O comentário que eu não fiz

Ontem à tarde um grupo de escritores brasileiros dos mais renomados e conhecidos esteve em Tel Aviv para um bate papo com brasileiros daqui, no Centro Cultural Brasil Israel, um apartamento antigo na Shderot Chen que há algumas décadas abrigou a sede da Embaixada brasileira em Israel. Preferi ouvir os escritores a estar em uma coletiva de imprensa com o primeiro-ministro Olmert que rolou ontem! No evento estava meu "avô postiço", o Nahum Sirotsky, que também emocionou ao lembrar histórias com tantos daqueles escritores. Por conta do curto tempo para perguntas e comentários, não pude dizer o que digo abaixo. Digo aqui, porque vale a pena o registro!

Quero expressar minha emoção ao ver e ouvir aqui, sem cerimônias e sem formalidades, as mãos e as mentes de alguns dos nomes que durante boa parte dos meus 28 anos - ou pelo menos desde que eu me conheço por gente! - coloriram minha vida, me fizeram rir e chorar, me emocionaram e me ensinaram. Aliás, a expressão "desde que eu me conheço por gente" embora seja dita sempre, é muito pessoal, tem um significado especial para cada um - para mim, me conheço por gente desde que aprendi a ler. Por isso, depois de dois anos e tanto de Israel, ainda não me conheço por gente por aqui! De toda forma, obrigado a todos pela presença! Quero aproveitar também para expressar minha frustração ao encontrar, na Feira Internacional do Livro de Jerusalém, ontem, diversos títulos excelentes em português que estavam ali apenas... para ver! É raro encontrar livros em português nesse Oriente Médio. Quando encontro, não estão à venda!

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Em brancas nuvens

O presidente do Irã e eu temos algo em comum. Nós dois gostaríamos de acreditar que o Holocausto não aconteceu. A diferença é que ele consegue. Eu, não. E se tantas provas, depoimentos, filmes, histórias, museus, e infinitas menções ao assunto não bastassem, os números tatuados no braço de idosos que tiveram a sorte parcial de saírem vivos do Holocausto seriam sozinhos suficientes para criar essa diferença.

Ontem, 25 de janeiro, foi o primeiro Dia mundial do Holocausto, data criada pela ONU tarde, muito tarde, para homenagear e relembrar os seis milhões de judeus que foram sumariamente assassinados durante a Segunda Guerra Mundial, há mais de sessenta anos. Em Israel existe o dia nacional do Holocausto, Yom haShoá, comemorado com uma sirene que cala e paralisa cada um dos cidadãos do país.

O dia mundial do Holocausto não fez barulho por aqui. A única coisa que eu pessoalmente vi em referência à data foi uma vela acesa sobre uma mesa coberta com um pano preto no lobby do hotel onde eu trabalho. De resto, não se falou, não se escutou e, como acontece no Yom haShoá, ninguém parou para homenagear os ancestrais de boa parte da população. O 25 de janeiro da ONU passou em brancas nuvens.

Mas o assunto do momento em Israel é o processo que o presidente Moshe Katzav enfrenta por uma série de crimes, entre eles o de estupro, o que faz mais barulho e provoca mais indignação. Katzav chegou a sair das manchetes por um tempo mas nesta semana a Procuradoria o considerou culpado.

Em resposta, ele convocou uma coletiva de imprensa para romper o longo silêncio e responder às acusações - nas palavras do presidente, só ele sabe a verdade e todos estão errados. A coletiva foi um festival de quase uma hora de porradas no palanque, caras feias e expressões agressivas e contundentes contra a polícia, contra a Procuradoria e contra a imprensa.

Cercado de jornalistas israelenses e estrangeiros e com o discurso sendo transmitido ao vivo para as casas em todo o país, Katzav arrancou de um comentarista do Canal 2 uma reação nervosa e desmedida - gritos de revolta contra as acusações. Eu estava lá, vi tudo e por acaso gravei em vídeo um trecho da briga.



Como não podia deixar de ser, o assunto virou piada - o vídeo abaixo é ótimo (mas você precisa entender hebraico!)



O resultado foi uma chuva de críticas contra o presidente no cenário político. A população pede a renúncia imediata de Katzav - o que não aconteceu e não deve acontecer, já que ele está afastado temporariamente do cargo por três meses (até quando termina o mandato). Falei a respeito na RFI hoje.